domingo, 27 de dezembro de 2009

Insuficiência

Ela te ve, ela te toca,
Ela te cheira, ela te sente
Você a vê, voce se afasta,
Você a ama, você a teme
Ela te te chama e te persegue
Voce se cega, então se perde
Procura a solução na embriaguez
Se torna, então, mais um freguês
Seja no líquido, seja no fumo
Tudo isso se vai com o tempo
A fome se vai, a sede se vai
E seus valores são levados
Pensamentos roubados, sonhos esmagados
Passa, apenas, a sentir o sopro do vento
Vendo, impressionado, a fumaça dançar
Poderia dizer quando essa maldição vai cessar?

Feliz

Bêbado
Sozinho
Em casa
Sorria

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Exaustivo

Sinto falta da solidão, do vazio,
Das noites tristes, do ar frio,
Do contato comigo mesmo
Tudo isso deu lugar à felicidade,
Mas de que vale se não tenho mais a capacidade de pensar?
Me julgava tão forte e corajoso,
Percebi que era porque não existiam obstáculos
E nem motivos pra temer, afinal, o que eu tinha a perder?
Apesar disso, eu não quero voltar a ser como antes
Quero adaptar o antes ao agora
Na verdade, eu não quero nada
Só espero não cair no clichê de passar as noites escrevendo poemas de amor

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Uma dose de sono, por favor

No meio da madrugada, acordo
Ao que parece, pesadelo novamente
Desagradável insônia que me dá no meio da noite
Roncos, latidos, ventiladores e coolers do computador
É tudo o que ouço
Nada de útil na televisão, apenas alguns anúncios
Anúncios daqueles que ninguém assiste
Uma garrafa na geladeira me espera
Recupero o sono assim
Com um cálice de um veneno chamado etanol à mão

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Chega

Pra que barulho?
Tudo pode se resolver de forma tão harmoniosa.
Eu posso chegar ao final sem me cansar.
Posso passar sem agredir minha consciência,
Sem agredir quem eu sou,
Sem agredir o mundo à minha volta.
Como?
Simples, basta ficar em silêncio.

domingo, 2 de agosto de 2009

Ciclo do Pensar

Caminhar em meio à campos verdes
E ver tudo sem poder enxergar
Estranha paz que tudo isso me dá
Num beijo apertado, te vejo incendiar nesse vestido de cetim
O teu perfume toma o ar
E o gosto doce que me faz querer sempre mais
Descansar em meio à campos verdes
Enquanto tudo passa e eu só espero você partir
Então te procuro novamente

terça-feira, 28 de julho de 2009

Híbrido

Visto minha hipocrisia e minha falsidade
E com olhos de pedra e voz forjada
Assisto à tudo isso com mediocridade
Pois pra quem está no tabuleiro
É só mais uma jogada
Aplauda o jogador, o vencedor,
O falso, o forjador
O indiferente, o incapaz,
Aplauda o jogo
Dite as regras, claro
Sem elas não é possível jogar sujo
Escolha o disparo e o alvo enquanto eu fujo
Visto minha hipocrisia e minha falsidade
E com olhos de pedra e voz forjada
Vivo inconsciente, vivo negligente
Falo demasiadamente, ouço raramente
Ajo inconsequente e vejo superficialmente
Rio ironicamente, mas juro que sinto sinceramente

sábado, 11 de julho de 2009

Megalomania

Morte e vida, vida e morte
Maravilhoso jogo de sorte
Tortura o que não é forte
Embriagado, rumo ao norte

Medo, pavor é o que ele tem
Saber do que, não me convém
Eu, que estou sentado no trem
Vendo a vida fazendo reféns

Louco, paranóico, refém, dopado
Doente, amador, claustrofóbico, drogado
Maníaco, pensador, esquizofrênico, alienado
Maluco, hipócrita, hemofóbico, revoltado

E ele segue, livre, sem capataz
Triste, impotente, com medo, incapaz
Gritando, sozinho, correndo atrás
De whisky e cigarros, buscando a paz

Gargalha, corado, que ironia
Bebidas, bebidas, alcool em demasia
Ainda movido por hipocrisia
Acaba o calor e se vai mais um dia

O vento bate, uma noite de frio
Volta pra adega, encher o cantil
Sem vodka e whisky, conhaque serviu
Exagerado, sem sorte, em coma caiu

E eu aqui, poesia sem métrica
Expresso o que sai dessa mente patética
Fraca, ingênua e muitas vezes cética
Sem rumo, vazia, grosseira e sem ética

terça-feira, 7 de julho de 2009

Doce Solidão

Alguns dizem que é ficar só
Outros, que é ficar em silêncio
Há também os que não se importam
Assim como os que não acreditam
Uns dizem que é insegurança
E há quem diga que é desespero
Mas quando puder sentir no meio da multidão
Descobrirá, então, a solidão
Descobrirá que ela não te faz infeliz
E muito menos te deixa fraco
Mas tolo será ao se render
E se deixar ser contralado
Inevitavelmente, ela sempre vem aos que pensam
Ela sempre vai te perseguir
E vai chegar a hora
Que vai se sentir bem com a sua presença
E aquela que te fez agonizar
Não é mais uma maldita doença

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Negligência

Cansado de ouvir
Cansado de ver
Cansado de cair
Cansado de temer
Cansado de ferir
Cansado de ser
Cansado de estar
Cansado demais pra demonstrar
Cansado
Absolutamente cansado
Cansado demais
Pra me livrar do gosto amargo
Das palavras que despejo
Talvez até pelo desejo
De não ter um sentimento tão sagaz

Versos de Inverno I

O jeito meigo que tanto me fez sorrir
Hoje, ironicamente, me fez rir
Ao lembra que um dia
Viciei em tal alegria
Me obrigando a sustentar,
Pois não quero te ver chorar

Mas mesmo o mais fiel dos românticos
Uma vez se rendeu ao quântico
Quando questionou "Ser ou não ser? Eis a questão"
Assim estou aqui, pra dizer, talvez em vão
Que eu posso estar errado
Que pode ser um engano
Mas ao menos deixe-me dizer
Eu te amo

Estou de páginas abertas
E então tiro meu véu
Pois não quero ser mais um réu
A dar frestas,
A ser julgado por sua fria compaixão
Juíza que condena,
Mas que também me estende a mão

Me livra desta dor,
Exclamo do fundo do peito
Mostra tua face
E me darei por satisfeito

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Vortex

Eu nunca pedi que entendessem a minha loucura e nem quero que o façam. Apenas preciso que me aceitem, é claro que eu não faço nada simplesmente por fazer. Cheguei ao clímax da minha vida, me sinto totalmente poderoso. Está tudo sob controle. Tudo sob meu controle. Posso não poder prever o futuro, mas sei que algo está por vir e poderá mudar meu presente estado. E o que me garante que isso não mudará meu passado? Eu sei que fiz muito mal a vocês. Principalmente a você, meu amor. Mas eu tenho a chance de mudar isso agora e tudo o que te fiz pode ser desfeito. Eu prometo que nem se lembrará que existi. O fim se aproxima, e aqui eu me despeço. Bom, até o dia em que nos conheceríamos, tchau.

Inspirado em Donnie Darko.

domingo, 28 de junho de 2009

Infantil?

Vazio. Simplesmente vazio, após algumas horas de felicidade. Na verdade, não foi bem assim que começou. Foi um daqueles dias em que se acorda com tudo planejado, tudo pra dar certo, tudo pra ser um grande dia de todas as formas possíveis. Mas, ainda assim, eu sabia que algo daria errado. Era perfeito demais pra ser verdade, planejado demais pra ser seguido à risca. Acordei bem, porém pesado, daquelas vezes que demoro uma média de três horas pra sair da cama. Fiz algumas de minhas obrigações e comecei minha jornada diária. Voltando pra casa, aproveitei e passei em alguns lugares para fazer algumas compras bobas. Me arrumei, tomei algumas xícaras de chá e saí. Embriaguei-me um pouco, adimito. E foi bom, apesar da chuva. Me diverti por alguns minutos com pessoas que eu nem imaginaria falar um dia na vida. Agora chega de falar do meu diário, merda, eu deveria ser mais criativo. Até agora não entendi o que eu fiz, mas começo a perceber que preciso amadurecer. Criança inútil. Uma criança inútil e mimada, é isso que eu sou. Mas eu vou mudar, dessa vez eu vou mudar. Se o que querem é um adulto, é o que lhes darei. Depois dessa, só uma pequena agressão aos meus pulmões pra me acalmar mesmo.
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terça-feira, 21 de abril de 2009

Evolução? Há mesmo uma evolução? Onde está a evolução num lugar em que as pessoas se importam demais com o conceito de que "evoluíram" dos animais e se esquecem que agora são humanos? Esquecem que a "evolução" foi mais do andar sobre dois pés e ter polegares. Acima de tudo que é visível, agora podemos pensar. Pensar, como seres humanos, como seres capazes de sentir e raciocinar. É triste ver que, ainda assim, existem pessoas, e não são poucas, que agem simplesmente por instinto. Talvez o processo de seleção natural ainda esteja em andamento, talvez ainda exista uma grande porcentagem que não seja capaz de pensar e vivem a vida toda agindo à espera da consequência e não da razão. Mas é reconfortante saber que faço parte da evolução. Não completamente, pois apesar de saber que penso, que tenho emoções, que sou um diferente no meio de muitos iguais, é provável que eu não saiba o que significa a "Razão". Então, eu evoluí? Eu penso, mas muitas vezes sou movido pelo instinto e o pensamento só vem depois da ação. Buscar pela razão de uma ação que já ocorreu. Não parece muito promissor. Me convenci que devo buscar a razão do que eu vou fazer.Talvez seja mais fácil assim. Mas onde está a razão? Realmente, frustrante...

"Mornamente em gasolinas... Trinta e cinco contos!
Tens dez mil-réis? Vamos ao corso...
E Filar cigarros a quinzena inteira...
Ir ao corso é lei. Viste Marília?
E Filis? Que vestido: pele só!
Automóveis fechados... Figuras imóveis...
O bocejo do luxo... Enterro.
E também as famílias dominicais por atacado,
entre os convenientes perenemente...
- Futilidade, civilização"
(Domingo, Mário de Andrade)

segunda-feira, 2 de março de 2009

Mais uma sexta feira. Mais uma noite no bar com os amigos. Fim de mes e, é claro, todos coçamos os bolsos procurando por moedas que paguem mais uma cerveja ou ao menos nos dê o ultimo trago da noite. Mais um jogo de sinuca que perdi, e mais um que eu sei que foi por meus erros gritantes. Conhecia pelo menos três a cada cinco que via por lá, e não foi isso que chamou minha atenção. O que me faz escrever sobre esta noite é a volta pra casa. Sem dinheiro gastável, de madrugada... Ahh, que avenida... Sozinho. Imagine o meu alívio ao coçar o bolso mais uma vez e notar que ainda me sobrava alguma coisa. Não muito, mas o suficiente para comprar dois cigarros. Andar sozinho por uma avenida, não tão longa, mas reta de uma forma amedrontante, debaixo de uma lua e nada mais, fumando um cigarro... Nunca imaginei que isso pudesse ser tão gratificante. Eu tive tempo para colocar muitos pensamentos em ordem com uma violencia que ecoava na minha cabeça. Foi incrível perceber que eu fiz, faço e farei muitas coisas para tentar contaminar as pessoas próximas com um pouco de felicidade e euforia, mesmo que às vezes me passe por ridículo. Percebi, também, que eu sei que quando algumas pessoas precisassem de duas pernas, poderiam usar as minhas ou se já tivessem as duas, as minhas estariam de prontidão para fazer companhia. E percebi que apesar disso, poucas vezes, ou talvez nunca, haverá alguém me esperando do outro lado.


Sem mais...

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Bom, primeiramente gostaria de agradecer à Carol, ao William e ao Valter por contribuirem diretamente para a criação deste blog, obrigado, de coração.

Aqui postarei meus textos, viagens, reflexões, ou sabe-se lá como se chama haha. Aqui vai o primeiro, foi escrito hoje mesmo


Ouço constantemente pessoas comentando sobre como os dias, os meses, os anos passam rápido. Ouço pessoas dizendo que são infelizes, que em algum lugar, algo ou alguém conspira para a sua desgraça. Talvez se elas não fossem tão preocupadas em estudar, trabalhar e conseguir ser alguém na vida, seriam pessoas sábias, orgulhosas, no bom sentido da coisa, claro, e mais do que alguém na vida, seriam alguém feliz. Pensando nisso, percebi que não sou diferente. Passo 17 horas do meu dia trabalhando e estudando, as outras 7 são de sono e caminhadas, nos dois dias que tenho pra mim, eu saio, vejo as mesmas pessoas que me fazem muita diferença, mas não sento com uma delas sequer, para falar sobre a minha vida, para dizer como eu me sinto, ou para perguntar o que eu poderia fazer para ajudá-las, pois ninguém vive sem um ombro que seja. Será que se eu agisse seria muito diferente? Talvez esteja na hora de fazer uma diferença comigo mesmo, mas me falta coragem. Sim, me falta coragem para me sentir melhor.

Termino com um pensamento de Albert Einstein:
"Só existem duas coisas infinitas: O Universo e a estupidez humana. E eu não estou seguro quanto a primeira"